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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Conhecer e Amar a Deus

Conhecer e Amar a Deus

 Por: Dave Hunt

“Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças” (Deuteronômio 6:4-5).


“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento” (Mateus 22:37-38)..


“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”  (João 14:2-3).




        Tanto os Dez Mandamentos dados a Israel como a lei moral que Deus escreveu em cada consciência (Romanos 2:14-15) exigem que cada um de nós ame a Deus de todo o coração e entendimento. Esta exigência é feita, não porque Deus precise do nosso amor, visto como Ele é infinito e de nada precisa. Nem porque Ele seja autocentrado ou orgulhoso e por isso exija que nós O amemos  acima de tudo e de todos. Ele nos ordena a amá-Lo de todo o nosso coração porque nada mais poderia nos salvar do nosso incorrigível e maior inimigo - o EGO.


        O primeiro e maior mandamento é dado para o nosso próprio bem, como tudo que Deus faz. Deus ama de tal maneira cada um de nós que deseja nos dar a maior bênção possível - Ele mesmo! Contudo, forçar qualquer pessoa a recebê-Lo já não seria amor. Devemos, genuína e ansiosamente, desejá-Lo. Em Jeremias 29:13, lemos: “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração”.   Esta é uma promessa de Deus, mas Ele também se esconde dos que não O buscam, conforme Isaías 45:15:  “Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador”. E ainda em Hebreus 11:6, lemos: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam”.


            Esta fervorosa busca de Deus - de todo o nosso coração - sem a qual ninguém pode conhecê-Lo - tem sido sempre a marca dos Seus seguidores. O salmista assim compara a sede de Deus no Salmo 42:1-2:  “ASSIM como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?”


            No Salmo 63:1 Davi expressa: “Ó DEUS, tu és o meu Deus, de madrugada te buscarei; a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água”.


            Que maior desejo teria alguém do que conhecer Deus? Mesmo assim, esta maravilhosa busca tem sido negligenciada por muitos cristãos [os quais ficam buscando sinais e maravilhas, em vez de buscarem, simplesmente,  o grande Deus da nossa salvação].


        Como é espantoso verificar que o Deus Criador do universo se ofereça a criaturas tão degradadas como nós! O Seu amor não é uma força cósmica impessoal, mas Ele é um Deus intimamente pessoal e por demais amoroso. Vamos meditar nisto! Este amor poderá despertar uma fervorosa resposta dentro de nós. Ora, será que nós expressamos o nosso amor a Deus pelo menos uma vez ao dia, louvando o Seu Nome com todo o nosso ser? [Quantas horas passamos diante do aparelho de TV, esquecidos de Deus e focados nos assuntos mundanos? Nós, os cristãos, vivemos enredados em nosso amor pelas coisas do mundo, buscando suas enganosas compensações]. Na 1 João 2:15, lemos: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”. [Quem entre nós realmente obedece este mandamento?]


        “Amar a Deus...” é o primeiro e maior mandamento, pois nossa obediência a todos os outros mandamentos deve ser motivada pela maneira com que O amamos. Além disso, como Deus nos ordena a amá-Lo de todo o nosso coração, toda a nossa vida - tudo que pensamos, falamos e fazemos - deve fluir desse amor. Paulo nos lembra, na 1 Coríntios 13:1-3: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”.


            Por que não encontramos este ensino nos currículos dos cursos dos nossos seminários teológicos?  E como pode o primeiro e maior de todos os mandamentos ser tão negligenciado na igreja? A verdade é que nós não nutrimos um verdadeiro amor a Deus, mas uma tremenda auto-estima, a qual nos é apresentada como uma premente necessidade. Isto acontece dentro do meu próprio coração! As vezes, lamento ser como Marta (Lucas 10:38-42), dedicando tão pouco pensamento e tempo para amá-Lo. [Eu me chamo Maria e gostaria de ser como a Maria de Lucas 10:38-42], mas, como podemos amar a Deus sem jamais tê-Lo visto, conforme João 1:18, 1 Timóteo 6:16 e 1 João 4:12, 20?


        Obviamente, deve existe uma razão para que amemos a Deus e ao próximo. A razão e o amor caminham de mãos dadas. O amor deve resultar de algo mais do que uma simples atração física, a qual, em si mesma, pode gerar uma atração carnal. Mas, além da atração exterior, existe também a da beleza interior: da personalidade, do caráter, da integridade e da resposta amorosa do outro. Mas Deus nos ama sem motivo algum. Ele nos ama porque Deus é amor (1 João 4:8). Porém, até mesmo o nosso amor por Ele tem motivação, pois, “Nós o amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro” (1 João 4:19). Nosso Pai celeste ama até mesmo os que são Seus inimigos, os que O desafiam, os que rejeitam Suas leis, os que negam Sua existência e os que desejam expulsá-Lo do Seu trono de glória. Cristo Jesus comprovou este amor, quando foi para a cruz, a fim de pagar a penalidade dos nossos pecados, tendo ali implorado ao Pai que perdoasse até mesmo os que O crucificaram (Lucas 23:34). Este é o tipo do amor que os cristãos devem experimentar, devendo ser manifestado através de Cristo, vivendo conforme os Seus ensinos: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:44).


        Amar a Deus de todo o nosso coração e amar ao próximo como a nós mesmos não é algo que possamos conseguir pelo nosso próprio esforço. Isto deve ser a expressão do amor de Deus em nosso coração. Mesmo porque não podemos amar a Deus sem saber como Ele é. Conhecer um “deus” qualquer não nos levaria a isto. Mesmo assim, no café da manhã do Dia Nacional de Oração, em 1983, em Washington, DC., o vice-presidente Al Gore (amigo da presidenta, que, provavelmente, será eleita, em 31/10/2010) assim se expressou: “A fé em Deus, a confiança num Poder mais elevado, qualquer que seja o seu nome, é a minha visão mundial”. Nesse caso, estaríamos amando uma pessoa imaginária! Conhecer o verdadeiro Deus é amá-Lo e conhecê-Lo bem [através de Sua Palavra Santa] é amá-Lo mais ainda.


        A maioria dos cristãos tem um conhecimento muito superficial de Deus. [Para muitos cristãos nominais Deus é um boneco maleável, guardado numa caixa de plástico, ao qual eles se dirigem, quando estão em apuros].


        O nosso amor a Deus não pode crescer, a não ser que meditemos no Seu profundo amor por nós, uma apreciação que deve incluir dois extremos: 1) - Sua infinita grandeza; 2) - nossa pecaminosa e miserável pequenez.  Que sendo Ele tão Elevado e tão Santo tenha descido até nós, para redimir pecadores tão indignos, revela supremamente o Seu amor. Esta compreensão é sumamente necessária para o nosso amor e gratidão por Ele, devendo ser o tema imutável do nosso louvor, por toda a eternidade, diante de Sua majestosa e gloriosa presença. (Apocalipse 5:8-14). Este tem sido o grande testemunho de homens e mulheres de Deus. Jó clamou a Deus: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e arrependo no pó e na cinza”. (Jó 42:5-6). E Isaías se lamentou: “... Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos” (Isaías 6:5). Este sentimento de pecado e indignidade não diminuiu,  mas aumentou o amor dos santos por Deus e a apreciação pela Sua graça, pois quanto mais ínfimos nos sentimos, mais perto dEle ficamos. [Diante Dele eu sempre me considero muito pior do que o Fernandinho Beiramar]. Quanto mais vemos o abismo infinito entre a glória de Deus e a nossa pecaminosa insignificância, maior será a nossa apreciação pela Sua graça. E quanto maior seja a nossa apreciação do Seu amor por nós, maior será o nosso amor por Ele.


        Não existe alegria alguma que possa comparar-se com essa troca de amor. Também não existe uma coisa mais triste do que o amor rejeitado ou ignorado. Como deve doer no coração de Deus a falta (ou diminuição) de amor dos Seus redimidos! Isto se evidencia em passagens da Escritura dirigidas a Israel, como Isaías 1:2: “...Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim”. Também em Jeremias 2:32: “Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou a noiva dos seus adornos? Todavia o meu povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias”.


            E mais repreensível do que o esquecimento e a negligência do cristão tem sido o ensino da Psicologia “cristã” de que Deus nos ama porque somos amoráveis. Richard Dobbins (um dos psicólogos mais famosos das Assembléias de Deus) sugeriu que se repitam estas palavras: “Sou uma pessoa amorável e perdoável”. Bruce Narramore se vangloria: “O Filho de Deus nos considera tão valiosos que deu Sua vida por nós”. Se isto fosse verdade, não iria aumentar, mas diminuir o nosso amor por Ele e a apreciação pela Sua graça. Nosso amor por Deus, segundo a Bíblia, depende do nosso reconhecimento do Seu amor, pois a constatação do mesmo e do Seu perdão estão sempre na razão direta do reconhecimento do nosso pecado e da nossa indignidade.


        Foi esta a lição que Jesus ensinou a Simão, o fariseu, segundo Lucas 7:36-47, a respeito de uma dívida. Leiam. É tão lógico como bíblico que, quanto maior pecador nos reconheçamos diante de Deus, maior será a nossa gratidão e amor pelo fato de ter Cristo morrido por nós. Quanto maior for a extensão do pensamento de que somos amoráveis e merecedores do sacrifício do Seu Filho, menor será o nosso amor por Ele. A verdade é que Deus em Cristo nos ama pelo que Ele é, e não pelo que somos, porque “Deus é amor” (1 João 4:8). Se Ele nos amasse pelo que somos, poderíamos, um dia, perder esse amor, pois vivemos falhando diante dEle. Mas em Hebreus 13:8 lemos: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente”.  E aqui reside a nossa imperdível garantia de salvação por toda a eternidade!


        Quantas vezes achamos difícil - em tempo de provação - descansar nesse grande amor, talvez porque, no mais profundo do nosso coração, reconheçamos toda a miséria humana. A Psicologia “cristã”  tenta, inutilmente, curar este sentimento de que somos indignos, ensinando que merecemos ser amados. Robert Schüller chega ao extremo de declarar: “A morte de Cristo na cruz equivale ao preço que Deus dá à alma humana”, querendo afirmar que somos merecedores de tal sacrifício. A verdade é que Cristo não morreu por pessoas dignas, mas por pecadores perdidos em seus delitos e devemos nos envergonhar disso, pois foram os nossos pecados que O crucificaram. Mesmo assim, Bruce Narramore diz que a “a cruz é o fundamento de nossa auto-estima”. [Não é de estranhar que o povo cristão esteja caindo tanto no abismo do erro, quando tais ensinos são propalados em quase todas as igrejas e seminários evangélicos]. Este evangelho humanista, enfatuado e falso, está sendo progressivamente abraçado por todos os cristãos evangélicos, mormente nas igrejas carismáticas. Para convencer os crentes do seu valor, muitos centros de Psicoterapia têm surgido no mundo cristão, com a afirmação de que “Deus não iria dar o Seu Filho para morrer por criaturas que não o merecessem”. Este tipo de crença faz com que o nosso amor a Deus seja pervertido, desprezando o Seu amor e graça que jamais merecemos. Nosso cântico por toda a eternidade será “Digno é o Cordeiro que foi morto!” (Apocalipse 5:12).


        Infelizmente, o egocentrismo pregado na Psicologia já penetrou na igreja, fazendo com que desprezemos a exigência de Deus do conhecimento de Sua justiça e glória. E os que trouxeram esse erro para dentro da igreja tentam conseguir respaldo na Escritura. Narramore usa o Salmo 139 para mostrar como Deus cuidou dos nossos genes, exatamente porque somos importantes demais. Mas, importantes seríamos, se tivéssemos criado os nossos próprios genes e não termos ficado na absoluta dependência do poder do ÙNICO Criador. Vejamos o que Paulo diz na 1 Coríntios 15:10: “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”. Onde se encontra aqui alguma base para a nossa auto-estima? Contudo, Deus nos dará uma recompensa pelo nosso desempenho em Sua causa, conforme Mateus 25:21: “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.  E Paulo diz:  “Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor” (1 Coríntios 4:5).


        Será que estas passagens oferecem uma visão positiva do nosso auto-amor, da nossa auto-estima e da nossa autodignidade? C. S. Lewis escreveu: “O filho que é levado ao ombro do pai, por ter feito bem o seu dever de casa, equivale à alma a quem Cristo disse as palavras acima: “servo bom e fiel...” e pode ficar alegre; mas o nosso prazer deve repousar não no que somos, mas no que Ele é... Nunca devemos alimentar o pensamento: ‘Que pessoa excelente eu tenho sido!’”.


        O nosso amor por Deus influencia a maneira como resistimos às tentações. As concupiscências são tão corruptíveis como prejudiciais, como por exemplo: “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Timóteo 6:9-10). Elas nos incitam na busca dos prazeres mundanos, o que significa desobediência a Deus: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 João 2:15).


        A nova teologia tem negado a necessidade do amor incondicional a Deus, ao ensinar que os cristãos devem se amar e se  valorizar.  Ver o amor de Deus como resposta ao nosso merecimento é negar a verdade de Deus. Precisamos conhecer mais profundamente o Deus Pai, Filho e Espírito Santo,  através de Sua Santa Palavra e de contínuas orações de reconhecimento de nossa indignidade e do arrependimento pelos nossos pecados. Assim vivendo, o Seu amor fluirá através de nós para os outros (Filipenses 2:13), os quais iremos amar, até mais do que amamos a nós mesmos. O importante é que estejamos sempre “olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”.






Dave Hunt - “Knowing and Loving God”


Traduzido e adaptado por Mary Schultze, em 08/10/2010.


www.maryschultze.com

 

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