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terça-feira, 11 de maio de 2010

O Valor do Sofrimento, por Dave Hunt


O Valor do Sofrimento


Por: Dave Hunt


        
O assunto deste artigo me intimida pessoalmente. O que tenho eu a ver ou o que tem a ver qualquer pessoa que mora nos Estados Unidos com o sofrimento e a perseguição em o nome de Cristo? Qualquer pessoa que leia a revista “The Voice of the Martyrs” sabe que nada sofremos, comparado ao que os santos perseguidos sofrem em outros lugares.

        Sem dúvida, não é este o único tipo de sofrimento mencionado na Escritura. Existe sofrimento por causa de aflições físicas, de enfermidades, de fazer o bem, como consequência do próprio pecado, pela vontade de Deus, pelas tentações, pelas aflições satânicas,  sofrimento comunitário pelos crentes que sofrem, etc.

        Não há muito tempo, eu tive um período de aflição física, mesmo não podendo comparar meu sofrimento com aqueles sofrimentos que muitos estão atravessando; dos que escrevem à TBC pedindo orações por causa dos seus próprios males físicos. O motivo de o Senhor ter colocado em meu coração o desejo de escrever este artigo pouco tem a ver com a minha própria situação ou de alguém mais.  Estou ciente da prevalecente atitude da maioria da cristandade americana, que é “evitá-lo a todo custo!”.

         Embora uma parte de mim queira acrescentar um “Amém!” a este pensamento, estou certo de que ele não reflete o que a Bíblia ensina.
De fato, este errôneo pensamento resulta em desastrosos efeitos. Trata-se de um fermento insidioso que distorce a relação de alguém com o Senhor, prejudicando, enfim, o seu andar com Ele. Além do mais, uma visão errada vai atrapalhar grandemente a verdadeira compreensão de Deus e da verdade de Sua Palavra.

        O sofrimento é uma consequência do pecado. Ele não existia antes do pecado ter entrado no coração da humanidade. O capítulo 1 de Gênesis mostra que tudo que Deus criou era “muito bom”, antes da desobediência de Adão e Eva, ou seja, tudo era perfeito. O pecado tudo mudou em toda a criação. O sofrimento veio como um inescapável e letal resultado do pecado. Mesmo assim, em seu pré-conhecimento do que o homem iria fazer e das consequências disso provenientes, Deus proveu a solução para os pecados da humanidade, através da morte sacrifical e da ressurreição de Cristo. A justiça divina foi perfeitamente satisfeita através do total pagamento dos nossos pecados, feito pelo nosso Salvador. Mesmo assim, o sofrimento temporal continua a existir. E por que?

        A redenção provida por Jesus Cristo, mesmo tendo sido completa, continua sendo uma opção da parte dos pecadores de rejeitá-la ou recebê-la, exclusivamente pela fé. O dom de Cristo da salvação estará disponível para cobrir toda a extensão do pecado. A totalmente penetrante pseudo-indústria da Psicoterapia, por exemplo, é uma indústria de bilhões de dólares, a qual assume a ilusão de aliviar o sofrimento mental. Terminar todo o sofrimento está visivelmente além da capacidade dos homens e, mesmo assim, ela prossegue em seus presunçosos esforços neste sentido.

         Esta é a atitude do mundo secular, mas o que dizer do pensamento entre os religiosos?  Os budistas acreditam que o desejo é a causa de todo o sofrimento e, portanto, cessar todo o desejo acaba com o problema. Os hinduístas  esperam a eliminação do sofrimento através de um processo de reencarnações. Eles acreditam que todo avanço no sentido de uma melhora fará, supostamente, diminuir e, eventualmente, terminar todo o sofrimento. É de tudo isto que a Ioga trata.

        Qual a visão entre os cristãos? A maioria destes reflete o pensamento e as ações do mundo, até certo ponto, em vez de refletir o que a Bíblia ensina. Isso tem conduzido a graves erros doutrinários entre os muitos que afirmam ser cristãos bíblicos.  Talvez a promoção mais divulgada deste pensamento esteja no movimento da “cura e prosperidade”, o qual comanda uma grande parte da chamada televisão cristã (Ver o que  consta sobre o assunto nas páginas do  livro “Sedução do Cristianismo”). Os seguidores deste movimento promovem a falsa ideia de que o sofrimento foi cancelado na Cruz [N. T. - Interpretando erroneamente Isaías 53:4-5).  Por conseguinte, este ensino afirma que os itens que produzem o sofrimento são causados pela falta de fé da parte do sofredor.  E como um erro conduz a outro erro, os proponentes da “cura e prosperidade” desviam a fé bíblica para um método que possa ser usado, a fim de afastar a doença e conseguir riqueza.

         Todo o processo funciona numa adaptação religiosa da ciência da mente, a qual transforma Deus numa atividade ou força (N.T. – Idêntico ao deus da série Guerra nas Estrelas], o qual funciona através das leis espirituais, especialmente pela fé, que os cristãos e até mesmo os pagãos podem aplicar. Isto tem conduzido à crença de que a fé no íntimo de alguém  é o fator determinante de sua condição. Pensar que tem uma doença é ter um “pensamento negativo”, o qual causa a doença.  Por outro lado, o “pensamento positivo” causa boa saúde e prosperidade. A humanidade, neste sistema, torna-se a órbita de sua condição pelos seus pensamentos.  (Ver mais sobre o assunto no livro “The Secret Seduction of Chistianity). Somos informados de que esta é a maneira pela qual Deus opera e, portanto, devemos fazer o mesmo, como “deuses abaixo de Deus”. Além deste ensino ser completamente blasfemo e ser uma forma letal de ocultismo, evitando que as pessoas busquem ajuda médica, o movimento da “cura e prosperidade” gera uma rebelião final, usando o nome Deus.

        O sofrimento é uma condição da vida à qual estamos sujeitos. A maneira de entendê-lo é crucial, no sentido de como iremos lidar com o sofrimento.  No sofrimento, e em tudo o mais que está incluído na Palavra de Deus, precisamos olhar  para o Senhor, a fim de conseguir a necessária compreensão. Provérbios 4:7 nos diz: “A sabedoria é a coisa principal; adquire pois a sabedoria, emprega tudo o que possuis na aquisição de entendimento”.

Que tenhamos segurança apenas no que está escrito na Bíblia. Deus não eliminou totalmente o sofrimento na vida de pessoa alguma. Até mesmo Jesus Cristo, que é tanto Deus como Homem sem pecado, sofreu como homem, aqui na Terra.  Todos os patriarcas sofreram; Jó sofreu; todos os apóstolos sofreram; Maria, a mãe de Jesus na carne, sofreu; os discípulos sofreram e Paulo nos conta em detalhes assustadores o que ele mesmo sofreu. Entendemos a origem  e o fato do sofrimento; mas, por que Deus o permite na vida dos que O amam?  Conhecer o que a Escritura ensina sobre o caráter de Deus faz-nos concluir que se não houvesse valor algum no sofrimento da humanidade (especialmente nas vidas dos que  Ele ama), Ele não iria permiti-lo.

Mesmo assim, a Escritura estabelece as condições e duração do tempo. O sofrimento é temporal para todos e eterno para alguns. Para os crentes, ele termina com a entrada na eternidade (Apocalipse 21:4): “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”.

Para os que rejeitam a salvação de Deus através de Jesus Cristo, o sofrimento será eterno (2 Tessalonicenses 1:8-9): “Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder”. Então, o que pode significar o sofrimento temporal, tanto para os perdidos como para os salvos, que amam o Senhor?

Para os que ainda não se voltaram para o Senhor em busca se salvação, sua condição de sofrimento muitas vezes pode criar oportunidades que os induzam a clamar a Deus, em busca de ajuda. Aos que o fazem sinceramente Ele mostra misericórdia pelo seu estado e provê graça para a sua nova vida em Cristo e para o seu destino eterno. (Atos 2:21): “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.

Quanto ao sofrimento temporal dos que nasceram de novo  pelo Espírito e receberam o dom da vida eterna, qual o provável valor do seu sofrimento? Valendo-nos de alguns versos do apóstolo Paulo em Filipenses 3:7-12... “muito, em todos os sentidos”. Contudo, o problema algumas vezes diferente dos específicos propósitos de Deus para o sofrimento de um crente, com raras exceções, está além da nossa capacidade de compreensão. Entretanto, os propósitos gerais, são abundantes nas páginas da Escritura Sagrada.

O propósito de Deus, quando permitiu o sofrimento na vida de Jó, está claro para nós e para ele. Uma relação mais íntima com o Senhor foi o resultado que lemos em Jó 42:5-6: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino no pó e na cinza”.  Durante a sua aflição, Jó descobriu a intensa preocupação consigo mesmo – que o seu conhecimento pessoal de Deus era grandemente comprimido pela sua própria vida. Mesmo tendo Deus lhe restaurado muito mais do que Satanás havia destruído em sua vida, o lucro material de Jó não pôde ser comparado ao valor temporal e eterno de uma relação mais íntima com o Senhor. O sofrimento experimentado por Jó nos fala de nossa restrição no conhecimento de Deus e da preocupação com o nosso EU.

A Epístola aos Hebreus foi escrita especialmente para os judeus cristãos, que estavam sendo contestados pelos seus patrícios legalistas sobre o que lhes havia sido ensinado pela Fé. (Hebreus 2:1): “Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas”. Aqueles sofredores foram exortados a permanecer firmes, mirando-se no exemplo dos antigos santos, que haviam sofrido muito mais, conforme Hebreus 11:35-39): “As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa...”

            Qual o valor que se pode encontrar no que estes santos - mencionados como “heróis da fé” - sofreram? Numa base pessoal, só podemos imaginar que todos o que são salvos pela obra redentora do nosso Salvador são santos, isto é, no sentido bíblico. Em minha juventude, como católico romano, eu colecionava cartões de “santos” canonizados. Em geral ensinava-se que quanto mais tivessem sofrido aqueles “santos”, mais santos seriam. Muitos deles contribuíram propositadamente para o seu sofrimento, infringindo dores a si mesmos. Por que? A ICAR ensina que é através do sofrimento pessoal, inclusive no purgatório (onde supostamente os pecados precisam ser purgados, antes que qualquer pessoa entre no céu), que os pecados são espiados. Tudo isto é uma rejeição ao evangelho e uma perversão do sofrimento bíblico.

         A vida inacreditavelmente produtiva e exemplar do apóstolo Paulo, descreve uma litania de sofrimentos, à qual nos referimos  como os “perigos de Paulo”. Descrever todos eles poderia encher todo o espaço deste artigo; por isso, vamos mostrar apenas alguns exemplos: Paulo foi açoitado, espancado, aprisionado, apedrejado, naufragado, esteve à deriva no mar, em perigos de viagens, em cansaço, dores, insônia, muitas vezes com fome, sede, frio, nudez, (2 Coríntios 11:27). Ele sofreu angustia mental e aflições físicas e, mesmo assim, pôde declarar: “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte”.  (2 Coríntios 12:10). Como é possível? A resposta está na 2 Coríntios 12:9: “E [Jesus] disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”.

Se a atitude de Paulo nos parece estranha e inusitada, pode ser que embora possamos conhecer pessoalmente o Senhor, não O conhecemos o suficiente para termos experimentado as profundezas do Seu poder em nossas vidas, e também pode ser que não entendamos o quanto Paulo desejava, em seu (e em nosso) breve tempo de vida, contribuir com a sua vida em Cristo, no presente e especialmente na eternidade. Isto soa em suas palavras, conforme Filipenses 3:10: “Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte”.  O seu coração, na perspectiva atual e na eterna, também está refletido, quando ele exulta: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Filipenses 1:21). Mesmo porque Romanos 14:8 diz: “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor”.  Isto revela um amor profundo por Jesus, o qual está faltando em nossas vidas. O grande desejo de Paulo era que todos os crentes o seguissem no íntimo amor pessoal que ele havia experimentado por Jesus. Paulo estava aguardando experiências maiores através da eternidade (1 Coríntios 2:9): “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam”.

        Quando Paulo escreveu aos Colossenses a respeito do seu ministério, falando de sua alegria; “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja”. (Colossenses 1:24), ele certamente não estava dizendo (ao contrário do que me ensinaram no Catolicismo Romano) que o pagamento de Cristo pelos nossos pecados foi, de certo modo, insuficiente, nem que ele poderia expiar os pecados dos Colossenses, sofrendo por eles (outros ensino católico). As “aflições de Cristo” continuam apenas no sentido de que os crentes Nele, o Seu corpo, estariam experimentando tentações, perseguições e tribulações (2 Timóteo 3:12). Paulo, os outros apóstolos e os discípulos de Cristo, através da historia, têm completados os Seus sofrimentos, ministrando uns aos outros e também por causa de sua pregação e vida, conforme o evangelho. Como poderia Paulo “regozijar-se” em seus sofrimentos ao ministrar aos seus companheiros crentes? Algumas das razões são encontradas no capítulo 1 da 2 Coríntios. Paulo e eles seriam ministrados pelo “Pai das misericórdias” conforme a 2 Coríntios 1:3-4: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus”.

Isto significa fortalecendo-os através de tentações, a fim de serem “consolados por Deus” (Verso 5). Para o crente em Jesus Cristo experimentar tentações e sofrimento é uma oportunidade de crescimento na fé e de crescimento no Senhor, quando podemos ver Suas obras em nossas vidas, de uma maneira exclusivamente pessoal, a qual demonstra a Sua compaixão, o Seu Conforto, Suas ternas misericórdias, Sua amorosa vontade, Sua graça e o Seu infinito amor. Somente Deus conhece cada uma de nossas necessidades de experimentar e aprender, a fim de nos tornarmos “conformes à imagem de Seu filho” (Romanos 8:29 e 2 Coríntios 1:4-5).

 Que sejamos nós ou aqueles que o Senhor nos tenha colocados no coração, que estejam sofrendo, confiemos na incessante oração de Paulo em nosso favor e em favor dos nossos amados (Colossenses 1:9-11). Observem que isto resulta em “perseverança em alegria”.  Nenhuma experiência de sofrimento pode nos roubar a alegria em Cristo, quando somos por Ele fortalecidos.



TBC Maio - Dave Hunt - The Value of Suffering”

Traduzido por Mary Schultze, em 06/05/2010

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