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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

As Parábolas de Jesus


        As parábolas do Senhor podem ser resumidas em duas categorias: as do Reino, mostrando Israel como a nação escolhida entre todas as outras nações; e as de caráter mais profundo, descrevendo a obra de Deus imersa no oceano de Sua graça em relação à humanidade perdida. As primeiras são dispensacionais e constam principalmente dos dois primeiros evangelhos (sinópticos), conforme é demonstrado em Seu ministério na Galileia, enquanto as últimas descem até a raiz moral da separação de Deus e a maneira como Ele veio reabilitar e reinstalar a criatura. [A diferença entre o Cristianismo bíblico e todas as demais religiões é que estas tentam alcançar Deus, enquanto no Cristianismo é Deus Quem desce para alcançar o homem].
        No ministério da Pereia, vemos (no Evangelho de Lucas) o Filho de Deus sendo apresentado aos homens, como o Filho do Homem, em favor de toda a raça humana.  Embora falando frequentemente de maneira figurada, não foi somente depois que Cristo foi recusado por Israel que as parábolas se tornaram predominantes em Seu ensino,  no tempo em que Ele cumpre as palavras do Salmo 78:2: “Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade”, e Mateus 13:35: “Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo”.
        O grupo de parábolas que o Senhor nos traz, neste Seu ministério, descreve a culpa de Israel pela rejeição ao Messias e prossegue mostrando o estabelecimento do Reino do Céu, o que foi comprovado pela Sua ascensão à destra de Deus Pai. Estas prosseguem narrando, com profética precisão, a entrega futura do vinho novo aos gentios e o processo de corrupção que haverá no mundo, com a humanidade se tornando cada vez pior. [Os reconstrucionistas vivem pregando que a igreja vai converter o mundo inteiro e transformá-lo no Reino de Deus, mostrando a mesma cegueira de Israel]. Mesmo assim, em todas as parábolas Cristo deixa clara a Sua predileção pela assembléia dos santos.
        As parábolas em Lucas são mais profundas, antecipando a doutrina que Paulo vai entregar em Romanos e Efésios. O grupo registrado em Romanos 7:4;10:3-5;14:16-24;15:11-24 revela a direção da viagem da alma humana da graça para a glória celestial. A obra do Espírito Santo no coração do homem é mostrada no momento em que a graça o alcança, sendo ele um devedor que não tem com que pagar a sua dívida, até que se encontre liberto da condição adâmica e revestido de Cristo, tornando-se nova criatura diante do Pai, para o seu eterno deleite. Comparem-se as passagens nas epístolas, falando da nova criatura com as novas roupagens do vinho novo em odres novos.
        Existem certos personagens baseados em si mesmos, como “o semeador saiu a semear”, sendo este semeador o próprio Jesus, tentando semear a palavra do Reino nos corações dos Seus incrédulos patrícios, numa nação onde poucos O receberam, a fim  de produzir uma boa colheita.
Temos as parábolas duplicadas, como a das bodas do filho do Rei, em Mateus 22, e a da ceia do homem, em Lucas 14. Temos ainda as parábolas triplicadas, como as de Lucas 15. Aqui vemos o pastor em busca da ovelha perdida, a mulher encontrando a dracma perdida e o pai correndo para encontrar o filho pródigo, que havia se perdido na ilusão, em busca dos prazeres do mundo. Nestas últimas, passamos do Reino para o lar, da visão dispensacional para a moral, da melhor e mais rica revelação divina para o âmago do coração de Deus. Temos aqui o que há de maior, de melhor e de mais belo, entregue pelo próprio Mestre e Senhor. Ele ensinou aos Seus discípulos, conforme a parábola do Rico e Lázaro, que nem mesmo o amor demonstrado pelo rico em favor dos cinco irmãos ainda vivos, quando ele ardia nas chamas do inferno, pôde salvá-lo, pois o tempo da salvação já havia passado. Ao mesmo tempo, Ele prevê que, nem mesmo após Sua ressurreição, todos os judeus iriam crer Nele. Que isto sirva de alerta aos que se julgam sábios e ainda não aceitaram a obra de Cristo na cruz, arrependendo-se, confessando os seus pecados e pedindo-Lhe perdão. Paulo indaga aos seus ouvintes, conforme a 1 Coríntios 1:20: “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?” Jesus exulta em Sua alma, dizendo: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve” (Lucas 10:21). Na 1 Coríntios 2:9, Paulo antecipa as belezas do céu: “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam”.
        O Senhor pode nos capacitar a ter uma apreciação mais profunda de Sua graça, através da leitura diária do Novo Testamento, de modo que possamos corresponder muito mais em louvor e adoração sincera, para o Seu deleite e o deleite do Pai celeste. [Não me refiro ao que hoje é chamado “adoração e louvor”, através de corinhos baratos, destituídos de qualquer valor intelectual e teológico, mas de uma adoração pura e sincera, no silêncio do nosso quarto, com o coração contrito e submisso ao Pai. A verdade é que os pastores modernos ignoram Habacuque 2:20, de tão afeiçoados aos gazofilácios de suas igrejas].
        Quando tentamos entender os milagres do Senhor, precisamos urgentemente da ajuda do Espírito, para que possamos chegar a esse entendimento. Não é de admirar o que os cientistas possam pensar e dizer, sobre a pesquisa da natureza e de suas leis, afirmando que os milagres de Cristo são uma invenção dos Seus seguidores. O coração do crente na Palavra e no autor da Palavra vê tudo perfeitamente claro, porque o Espírito de Deus é justiça, alegria e paz. Tudo que o Senhor realizou no comando da natureza foi visando anular o fracasso e a necessidade do homem, através de um alivio presente e de uma glória futura. Tudo que vem dEle se resume em graça e paz, inteiramente livres de qualquer obrigação da parte do beneficiário, que não seja uma fé genuína em Sua Augusta Pessoa. Seus milagres provocam admiração humana e quando esta se transforma em genuína fé, o crente se torna um objeto de testemunho das maravilhas por Cristo operadas, em Seu tempo de vida como homem, neste planeta. Vamos ler Romanos 1:19-20: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”. Tudo de que o homem necessitava foi entregue através dos ensinos e da obra de Jesus Cristo. (Leiamos Atos 14:17; 17:25-28).
Se o testemunho da criação deixou os homens sem desculpa, o testemunho dos sinais e maravilhas operados pelo Filho, conforme narrados no N.T., quando não aceito, pode conduzir a uma inimizade eterna com Deus, culminando em contínua negação da parte dEle, tornando o incrédulo responsável pela própria condenação, no Dia do Juízo Final. [Lembro-me de um parente meu, a quem tentei várias vezes pregar o evangelho. Já muito doente, quando fiz mais uma tentativa de levá-lo a aceitar Cristo como Salvador, ele respondeu, com impaciência: “Eu sempre fui um homem bom em todos os sentidos. Já fiz a minha parte. Agora que Deus faça a parte dele”. Meu coração sangrou, porque aquele pobre enfermo não havia reconhecido a obra maior que o Pai fez em Cristo, a favor dos homens].
Infelizmente, a maior parte da humanidade, exatamente como os judeus (quando não nega a Sua existência histórica) tem conectado as obras de Cristo a um poder ocultista e todo dia os incrédulos O entregam aos romanos para que Ele seja crucificado, novamente. Também, quando os hierarcas romanos celebram a missa católica, eles estão crucificando novamente o Filho de Deus (Hebreus 6:6). O remanescente judeu recebe agora e continuará recebendo  todas as bênçãos do Pai, pelo reconhecimento da obra perfeita do Seu Filho amado. Enquanto isso, os judeus incrédulos sofrerão as dores de Jacó, durante a Grande Tribulação, o que se pode observar em Apocalipse 12, na fuga da “mulher vestida do sol” para um lugar de refúgio, o qual, segundo os pesquisadores seria Petra.
Em João 15:21-23, Jesus adverte: “Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou. Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado. Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai”. Em Isaías 49:5, lemos: “E agora diz o SENHOR, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó; porém Israel não se deixará ajuntar; contudo aos olhos do SENHOR serei glorificado, e o meu Deus será a minha força”. Quando os judeus dispersos pelo mundo inteiro forem reunidos para receber o Messias em Sua Segunda Vinda, todo o povo se rejubilará e todo o remanescente de Israel será salvo, segundo Paulo ensina em Romanos 11:26, condenando os gentios, conforme os versos 27 a 32, pelo seu orgulho e preconceito contra o povo de Deus. [Infelizmente, a igreja reconstrucionista já liquidou Israel em seu pensamento e imagina que reinará neste mundo, por mil anos, preparando a volta de Cristo, no final dos tempos].  



Mary Schultze - Artigo embasado em parte do texto “The Beauty of the Lord”, de James McBroom.


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