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sábado, 13 de dezembro de 2008

Judaísmo X Palavra de Deus

 

Pr. Airton Evangelista da Costa

“Santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15-16).

Desconheço o autor das questões abaixo. Também desconheço o site em que foram publicadas. Pelo visto, deve ser alguém que ainda não encontrou o caminho da salvação; que não reconhece Jesus como o verdadeiro Messias. Em defesa de minha fé, elaborei a seguinte refutação:

1 - O Judaísmo afirma que Jesus não foi o Messias, pois não realizou as esperanças messiânicas. Ele não estabeleceu a paz universal e justiça social para toda a humanidade, nem redimiu o povo de Israel, e nem tampouco elevou as montanhas do Senhor acima do topo das alturas. No tocante aos judeus, seu próprio exílio e falta de um lar, e a continuação da guerra, pobreza e injustiça são provas conclusivas de que o Messias ainda não chegou, pois sua vinda, de acordo com promessas proféticas, apressará a redenção do povo de Israel do exílio e a redenção de todo o mundo dos males da guerra, pobreza e injustiça.

Resposta - Todas as profecias messiânicas se cumpriram em Jesus Cristo. O Messias prometido, Jesus, o Ungido de Deus, veio para destruir as obras do diabo, dar liberdade aos cativos, quebrar as algemas invisíveis, trazer Boas Novas e preparar um povo para morar no céu (Is 61-2; Lc 4.18; Jo 3.16). Veio para todas as nações, ”para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Ele [O Cristo do Senhor] “é luz para iluminar os gentios, e para glória do teu povo Israel” (Lc 2.32). “É Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente” (Rm 3.29).  O povo de Deus não é exclusivamente a nação de Israel, mas os que estão lavados e remidos no sangue do Cordeiro. A REDENÇÃO em Jesus é espiritual. Todos os que O recebem são espiritualmente renovados. Jó disse: “Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumada a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus” (Jó 19.25-26). A esperança no Redentor é que Ele viria salvar seu povo do pecado e da condenação (Rm 3.24; Gl 3.13; 4.5; Ef 1.7; Tt 2.14), livrá-lo do medo da morte (Hb 2.14,15; Rm 8.2) e da ira vindoura (1 Ts 1.10); e dar-lhe vida eterna (Rm 6.23). Tudo isso encontramos na pessoa do Senhor Jesus.

O reinado de Jesus será estabelecido num tempo vindouro, quando haverá plena paz no mundo. Vejam: “Em verdade vos digo que vós os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono de sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Mt 19.28); “Quando vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas” (Mt 25.31-32). Os judeus “pensavam que o reino de Deus havia de manifestar-se imediatamente” (Lc 19.11). Supunham que Jesus iria comandar um exército para libertar os judeus do jugo romano. Ficaram decepcionados quando viram o Rei humilhado diante de Pilatos; conduzido para o Calvário; castigado, vencido, fraco e morto. Nesse sentido, realmente Ele não realizou “as esperanças messiânicas”. Mas trouxe vida abundante para todos os que O recebem como o verdadeiro Messias, o Filho do Deus vivo.

2 - A ênfase de Jesus em seus próprios ensinamentos, a maioria dos quais contrários ao verdadeiro espírito da profecia hebraica, culminou em sua reivindicação de possuir proximidade especial com Deus, proximidade não compartilhada e nem mesmo semelhante à de qualquer outro ser humano. Assim ele declarou: "Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho se não o Pai, e ninguém conhece o pai, se não o filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar". Deus, do modo como o judeu o conhece, está igualmente próximo de todos os homens, e sua proximidade depende de quão próximo eles querem que ele esteja e quão próximo eles desejam chegar dele. Nenhum profeta judeu nem mesmo Moisés, o mestre dos profetas, alguma vez afirmou estar mais próximo de Deus do que qualquer outro homem.

Resposta – Jesus continua junto à sua Igreja, aos seus, ao seu povo, a todos os que O aceitam como Senhor. Ele mesmo disse que estaria conosco todos os dias (Mt 28.20). Ele foi chamado de Emanuel, que significa “Deus conosco” (Is 7.14). Jesus estabeleceu a diferença. Realmente, nenhum outro teve a ousadia de dizer que era “o Cristo, o Filho do Deus Vivo” (Mt 16.16-17); nenhum profeta, em qualquer época, ouviu “uma voz dos céus, dizendo: ”Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17; 17.5); ninguém jamais disse de si mesmo: “Eu sou o Senhor do sábado” (Mt 12.8); nenhum profeta foi chamado de “Filho do Altíssimo” (Lc 1.32); a respeito de nenhum outro profeta se lê na Bíblia: “E estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus, e a vida eterna” (1 Jo 5.20); ninguém, antes de Jesus, teve a autoridade para declarar: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 14.6). Realmente, Jesus fez a diferença. Antes dele, ninguém pôde dizer com tanta certeza: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). E ninguém deu tantas evidências de Sua própria divindade quanto Ele, pois curou milhares de doentes, expulsou demônios, ressuscitou mortos, acalmou tempestades, andou sobre as águas. Em toda a história da humanidade, jamais um homem predisse a sua própria ressurreição: “Depois de eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia” (Mt 26.32); “E o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado. No terceiro dia ele ressurgirá“ (Mt 20.19). As Escrituras hebraicas, a exemplo do Salmo 22 e Isaías 53, falam do sacrifício de Jesus na cruz, exceto para quem ainda espera, em vão, o Messias prometido.

O Messias que os judaizantes ainda aguardam terá que cumprir totalmente as profecias messiânicas das Escrituras hebraicas, o que é plenamente impossível. Assim, deverá ser descendente da tribo de Judá (Gn 49.10; Lc 3.33; Mt 1.2-3); nascer em Belém Efrata (Mq 5.2; Mt 2.1; Lc 2.4-7); nascer de uma virgem (Is 7.14; Mt 1.18); ser o principal motivo da matança dos meninos (Jr 312.15; Mt 2.16-18); ser a Galiléia o principal cenário do seu ministério (Is 9.1-2; Mt 4.12-16); ser profeta (Dt 18.15; Jo 6.14) e sacerdote (Sl 110.4; Hb 6.20); deverá ser recebido com alegria quando entrar em Jerusalém, montado num jumentinho (Zc 9.9; Jo 12.13-14); ser traído por um dos apóstolos (Sl 41.9; Mc 14.10; Mt 26.14-16; Mc 14.43-45) e vendido por trinta moedas de prata (Zc 11.12; Mt 26.15;Mt 27.3-10); que essas moedas sirvam para comprar um sítio (Zc 11.13; Mt 27.3-5; 8-10; 27.6-7); ser acusado por falsas testemunhas (Sl 27.12; 35.11; Mt 26.60-61).

O Messias dos judaizantes, para que as Escrituras hebraicas se cumpram, deverá permanecer em silêncio quando for acusado (Is 53.7; Mt 26.62-63); ao ser preso, deve ser esbofeteado e cuspido (Sl 69.4;Mc 14.65; 15.17; Jo 19.1-3; 18.22); deve ser odiado sem justa causa (Sl 69.4; Jo 15.23-25); sofrerá em nosso lugar (Is 53.4-5; Mt 8.16-17; Rm 4.25; 1Co 15.3); deve ser crucificado com pecadores (Is 53.12; Mt 27.38; Mc 15.27-28; Lc 23.33); na sua crucificação, suas mãos e pés devem ser trespassados (Sl 22.16; Jo 19.37; 20.25-27); para saciar sua sede, receberá na cruz fel e vinagre (Sl 69.21; Jo 19.29; Mt 27.34,48); será alvo de zombaria (Sl 22.8; Mt 27.43). O Messias aguardado deve ter seu lado trespassado (Zc 12.10; Jo 19.34), seus ossos não serão quebrados (Sl 34.20; Jo 19.33), lançarão sortes sobre suas vestes (Sl22.18; Mc 15.24;Jo 19.24); deverá ser sepultado com os ricos (Is 53.9; Mt 27.57-60); em cumprimento à sua própria profecia e às profecias das Escrituras hebraicas, o Messias que os judaizantes aguardam deverá ressuscitar ao terceiro dia, apesar de seu sepulcro receber o selo imperial e ser guardado dia e noite por uma guarda romana fortemente armada (Sl 16.10; Mt 20.19; 26.32; 27.40; Mt 28.9; Lc 24.36-48) e sua ascensão deve ser vista pelos discípulos (Sl 68.18; Lc 24.50-51; At 1.9).

O Messias esperado pelos judaizantes enfrentará outro obstáculo insuperável. É que o seu nascimento deverá ocorrer há dois mil anos (?!), exatamente na mesma época em que nasceu Jesus, para que se cumpra a profecia de Daniel 9.24-26a. Outra condição incômoda para o Messias dos judaizantes diz respeito à prova de sua linhagem, pois ele deverá ser da tribo de Judá e da família de Davi, da “raiz de Jessé” (Gn 49.10; Is 11.1,10; 2 Sm 7.12-16; Mt 1.1; 9.27; Lc 1.32; Hb 7.14; Rm 15.12; Ap 5.5). Impossível conseguir a prova dessa filiação porque os registros genealógicos foram extintos com a destruição do templo de Jerusalém pelos exércitos romanos, sob o comando do general Tito, em 70 d.C.

3 - Para Jesus, a pobreza não era uma condição deplorável, necessitando de erradicação; mas pelo contrário, a considerava como um passaporte para o reino dos céus. E então aconselhava aos discípulos: Se desejas a perfeição, vá! venda sua propriedade e doe o dinheiro aos pobres e gozarás de riqueza nos céus. Depois, volte e seja meu seguidor" (Mt 19:21).

Resposta - Não se pode generalizar o que está escrito em Mt 19.21. O coração daquele jovem estava em suas riquezas. Conhecendo sua fraqueza, Jesus aconselhou-o a vender seus bens. E disse ser difícil um rico entrar no reino de Deus. Jesus aproveitou a ocasião para ensinar que quem ama a Deus acima de tudo não deve ser escravo da idolatria e avareza. Todavia, a salvação está em nEle crê, seja rico ou pobre (Jo 3.18; Ef 2.8). Não se pode criar uma doutrina com base nesse versículo, mas se deve examinar o conjunto dos ensinos de Jesus. Pobreza ou riqueza, tudo deve ser para a glória de Deus. Quando Jesus se encontrou com Zaqueu não condenou a sua riqueza; mas aquele homem, tendo ouvido a Jesus, resolveu devolveu o que havia ganho por meio ilícito (Lc 19.8).

4 - Para poder ser um seguidor de Jesus, entretanto, seria preciso romper todos os vínculos com a vida social normal, pois ele exigia: "Nem um de vocês que não se despedir de tudo o que possui não poderá ser um dos meus discípulos" (Lucas 14:33). Essa renúncia não se estendia somente às posses materiais mas também à eliminação das afeições mais naturais pelos membros da família.

Resposta – Em Lucas 14.26-35 Jesus estabelece as condições para quem deseja ser Seu discípulo: renunciar a tudo quanto tem por amor a Cristo; levar após Ele a sua cruz (v.27), avaliar o preço de segui-Lo até o fim (vv.28-32). Em outras palavras, Jesus fez uma declaração de sua divindade, pois devemos amar a Deus sobre todas as coisas. Jesus ensina que o preço do discipulado verdadeiro é abrir mão de todos os relacionamentos e posses, isto é, de bens materiais, família, nossa própria vida com suas ambições, planos e interesses. Isto não significa que devemos abandonar tudo quanto temos, mas que tudo quanto temos deve ser colocado a serviço de Cristo e sob sua direção, ”pois para isto Cristo morreu e tornou a viver, para ser Senhor tantos dos mortos como dos vivos” (Rm 14.9).

5 - Contrariamente a atitude judaica positiva em relação ao matrimonio e família, Jesus se opunha quase que hostilmente a essas instituições. Não era casado e dirigia palavras extremamente contundentes contra lealdade a pais, irmãos e irmãs, considerando esses vínculos como afastadores do amor de Deus. Jesus desmerecia e envergonhava sua mãe e irmãos em público. Assim está registrado que quando Jesus se dirigia a uma multidão, "sua mãe e seus irmãos e permaneciam fora dela, desejando falar com ele. Mas, dizia a quem o avisava, 'quem é a minha mãe e quem são meus irmãos?' Apontava aos discípulos e dizia 'aqui estão minha mãe e meus irmãos! Todo aquele que realiza a vontade de meu Pai do céu é meu irmão e minha irmã e mãe'' (Mt 12:46-50). Em outra ocasião, quando um dos ouvintes exclamou, '' abençoada seja a mãe que o gerou e nutriu!'' Jesus respondeu: ‘Você poderia se expressar-se melhor, abençoados sejam aqueles que ouvem a mensagem de Deus e as observa! '' (Lucas 11:27). E ele também ensinava: Não deves chamar qualquer um na terra de seu Pai, pois tens somente um, o Pai dos céus (Mt 23:9).

Resposta - Em Mateus 12.46-50 vemos Jesus aproveitando a ocasião para, mais uma vez, dizer que em primeiro lugar está a obediência a Deus, e que sua mãe e seus irmãos não deveriam ser idolatrados. Jesus colocou um ponto final em qualquer tentativa de endeusar sua mãe (Lc 11.27-28). Nivelou sua família, principalmente sua mãe, a todos os tementes a Deus. Com coerência, Ele deu o exemplo de que devemos amar menos as coisas terrenas e MAIS a Deus. A divina missão de Jesus, definida desde a eternidade (Jo 1.1,2,14; 3.16), não incluía o vínculo matrimonial. É uma inverdade dizer que Jesus, de forma hostil, se opunha ao casamento, pois Ele confirmou o mandamento de “honrar pai e mãe” (Mt 15.4), manifestou-se a favor da pureza do matrimônio, condenando o adultério (Mt 5.27-28); e, na cruz, já perto da morte, demonstrou seu grande amor filial ao entregar Maria aos cuidados do apóstolo João.

6 - A maneira pela qual Jesus aplicava esses princípios a situações da vida real pode ser vista por seus rompantes de ira para com os discípulos que desejavam se desvincular de certas obrigações familiares antes de segui-lo. Quando um futuro discípulo dizia a Jesus: Mestre, vou segui-lo, mas deixe-me primeiramente dizer adeus aos que estão em minha casa'', ele o reprovava: Quem coloca sua mão no arado e olha para trás, é inadequado para o reino de Deus (Lucas 9:61).

Resposta - Nessa passagem, Jesus disse que devemos deixar os espiritualmente mortos, cujos interesses estão somente nesta vida. Veja: “Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa. Disse Jesus: Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus” (Lc 9.61-62). Jesus aproveitou a oportunidade para dizer que segui-Lo é tarefa para quem deseja amá-Lo sobre todas as coisas, capaz de deixar família, nação e bens por Sua causa. Espiritualmente falando, vale dizer que todos nós devemos amar MENOS as coisas deste mundo. Os não crentes estão mortos em seus delitos e pecados (Ef 2.1,5). Jesus considerou que a família daquele homem estava espiritualmente morta; então usou essa expressão: deixe que os [espiritualmente] mortos sepultem seus mortos. As palavras para aquele seguidor naquele momento foram amargas, mas serviram como lição para o resto de sua vida. Esta verdade serve para os dias de hoje. Muitos missionários, colocando em risco a própria vida, largam família e bens e vão habitar em lugares hostis, por amor a Cristo. Em nada Jesus pode ser julgado por isso. Ele continuou sendo coerente em suas sábias palavras.

7 - Jesus exigiu de seus seguidores que odiassem seu semelhante para serem melhores discípulos. Portanto ensinava: ''Aquele que se aproxima de mim sem odiar seu próprio pai e mãe, esposa e filhos, irmãos e irmãs e também a sua vida não pode ser dos meus discípulos'' (Lucas 14:26).

Resposta – Quem nos ensinou a amar nossos inimigos e orar por eles, e a honrar pai e mãe, não nos ensinaria a odiar nossos familiares. Portanto, a passagem sob análise deve ser interpretada no seu contexto. Leia-se: “Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26-ARC). Mais uma vez, guardando coerência com as palavras já expostas, devemos entender “aborrecer” ou “odiar”, neste versículo, como “amar menos”. Ou seja, nossa lealdade e amor a Ele devem ficar acima de todos e de tudo. Todavia, a explicação bastante clara de Lucas 14.26 está em Mateus 10.37-38: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz, e não vem após mim, não é digno de mim”.

8 - O quanto Jesus estava longe de ser piedoso e isento de desejo de vingança pode ser avaliado pelo fato de que ele amaldiçoou até mesmo uma árvore que não produziu os frutos que ele esperava!

Resposta - Jesus transmitiu suas verdades em diversas situações e de diversos modos. O contexto de Mateus 21.18-22 revela que a intenção de Jesus não era apenas de amaldiçoar uma árvore, mas o de ensinar que “se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira...”. Afirmar que Jesus era vingativo e falto de piedade é desconhecer por completo o texto dos quatro evangelhos.

9 - Existe também uma contradição sem solução entre a beatitude de Jesus: "Bem- aventurado os que promovem a paz por que serão chamados filhos de Deus''' (Mt 5:9) e sua declaração: “Não penseis que vim trazer paz a terra. Não vim trazer paz, mas espada. Com efeito, vim contrapor o homem ao seu pai, a filha a sua mãe e a nora a sua sogra. Em suma, os inimigos do homem serão os seus próprios familiares" (Mt 10:34-37).

Resposta - “Contradição sem solução” há para quem não sabe ou não quer aprender a interpretar corretamente as palavras de Jesus. O que Jesus disse é uma verdade. Vemos todos os dias cumprir-se essa palavra. Um jovem se converte e de imediato seus pais e seus irmãos ficam contra ele. Jesus promove a divisão entre as trevas e a luz porque: (a) o crente está separado do mundo e morto para o pecado (Lc 12.51-53; Rm 12.2); (b) A pregação da verdade enseja perseguição, divisão, zombaria e desprezo (Mt 5.10,11; 12.24; 14.4-12; 27.1; At 5.17; 7; 54-60; 14.22). É dessa forma que se deve entender a aparente contradição em Jesus ser o “Príncipe da Paz” (Is 9.6) e declarar que veio trazer divisão.

10 - A Bíblia hebraica considera todos os homens como irmãos por parte do Pai do céu. Portanto os profetas eram mensageiros de Deus para toda a humanidade e não somente para seu próprio povo. Jesus por outro lado apresentou uma atitude definitivamente exclusivista ao enfatizar que fora enviado somente para "as ovelhas desgarradas do povo de Israel. Esse aspecto ainda é mais enfatizado na recusa de Jesus em curar a filha de uma cananita. A Bíblia hebraica é repleta de exemplos de gestos de bondade dirigidos a não judeus, para citar um exemplo: Naamã. A dura resposta de Jesus à cananita não foi menos contrária à tradição judaica do que aos padrões éticos aceitos. Pois quando a mulher implorou: tenha piedade de mim, Senhor! Minha filha está terrivelmente possuída pelo demônio!' Jesus não reconfortou e também instruiu seus discípulos: mande-a embora pois fica implorando', acrescentando: “Fui enviado somente para as ovelhas desgarradas da casa de Israel. Quando a mãe alterada continuou implorando, ele exclamou as cruéis palavras: ''Não é certo tirar o pão das crianças e jogar aos cães! Querendo dizer com isso que os não judeus são cães e conseqüentemente sem direito a misericórdia divina. Somente quando a pobre mulher se humilhou, a ponto de aceitar o papel de uma cadela, dizendo: até os cães comem as migalhas que caem da mesa de seu dono, é que Jesus considerou e prometeu ajudá-la porque você possui grande fé (Mt 15:22-28). Mas mesmo ao ajudá-la, ele o fez sem humanidade ou piedade mas como retribuição à grande fé da mulher em sua pessoa.

Respostas - Exemplos maiores de “crueldade” e “desprezo” pela vida humana vemos nas Escrituras hebraicas, dadas por Deus Pai. (1) Para provar a fé de Abraão, ordenou que este sacrificasse seu único filho Isaque, fazendo-o percorrer um longo caminho; somente no último momento, suspendeu sua ordem (Gn 22.1-12); (2) Após ter demonstrado grande zelo pelo seu povo, que tirou da escravidão do Egito, desejou matar todos eles em pleno deserto, por causa da idolatria do bezerro de ouro.Tal intento não se consumou por causa da intercessão de Moisés (Êx 3.7-9; 32.4,6,10). Por causa desse incidente, Moisés, num ato de “crueldade” passou a fio de espada cerca de três mil homens (Êx 32.28); (3) Por ordem de Deus, a cidade de Jericó foi totalmente destruída pelo fogo, sob o comando do servo Josué: as casas, os animais, homens, mulheres e crianças foram consumidos (Js 6.2; 7.17, 24); (4) Ao tomarem a cidade de Ai, por ordem do Senhor, mataram doze mil entre homens e mulheres (Js 8.1,2,25,26,28,29); (5) Jó era homem “íntegro e reto, temia a Deus e se desviava do mal”, mas isso não evitou que perdesse todos os seus filhos e bens, e ainda ficasse coberto de chagas, tudo por permissão do Altíssimo, e tudo conforme as Escrituras hebraicas. São muitos os casos em que Deus Pai, como Senhor dos vivos e dos mortos, usou de Sua soberana e infinita vontade para pôr em prática seu plano de redenção. Podemos censurar Deus? Como admitir, portanto, que o Cristo, “Senhor dos vivos e dos mortos”, “Pai da Eternidade”, “Deus Forte” (Is 9.6; Rm 14.9) não agiu corretamente ao provar a fé da referida mulher? O texto não fala que Jesus ordenou aos discípulos que expulsassem a mulher. Os discípulos é que pediram a Jesus que assim procedesse, mas não foram atendidos (Mt 15.23-24). Com isso, Jesus ensinou que devemos ser perseverantes na fé. Ao atender ao clamor da Cananéia, libertando sua filha dos demônios, Jesus mais uma vez afirmou que veio libertar os cativos.

11 - Apesar de Jesus ter apregoado que nenhum pingo no i ou traço no t deveriam ser retirados da lei, ele próprio desconsiderou e violou várias leis importantes. A autorização a seus discípulos de apanharem as espigas de milho no sábado, pois estar faminto não se trata de emergência que justifique transgressão do sábado. Em várias ocasiões ele curou pessoas no sábado, que não estavam em situação emergencial, alegando que poderia fazê-lo, em oposição aos rabinos que sustentavam que o sábado pode e deve na verdade ser transgredido somente com vistas a salvar e preservar uma vida, mas não para tratar de pessoas com enfermidades crônicas cujo estado se prolonga por anos e que sem qualquer perigo de vida e saúde podem aguardar algumas horas até o término do sábado.

Resposta – Ninguém melhor do que Jesus para dar a correta interpretação à lei que Ele mesmo formulou, na qualidade de Pessoa da Trindade. João Batista deu testemunho da divindade de Jesus, dizendo: “Aquele que vem do céu é sobre todos. Aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus...” (Jo 3.31,34). Jesus confirmou as palavras do seu precursor, afirmando que Seu ensino vinha daquele que O enviou, ou seja, de Deus (Jo 7.16,17). Nós, cristãos, cumprimos os princípios éticos e morais do Antigo Testamento (Mt 7.12; 22.36-40) e os ensinamentos de Cristo e dos apóstolos. Ouçam as palavras do nosso Salvador: “Ide e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas QUE EU VOS TENHO MANDADO” (Mt 28.19-20). Do contrário, ainda estaríamos cumprindo o ritual da circuncisão (1 Co 7.19). Para nós, a fé em Cristo é o ponto de partida para o cumprimento da lei, pelo que nos tornamos filhos de Deus (Jo 1.12). Segue-se que não somos salvos pelo mérito de cumprirmos a lei, mas “pela graça mediante a fé” (Ef 2.8). Libertos do poder do pecado e selados com o Espírito Santo, estamos debaixo da “lei de Cristo” (Gl 6.2;1 Co 9.21). O apóstolo Paulo declarou de forma clara que não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça (Rm 6.14). Jesus colocou o sábado no seu devido lugar, ensinando que esse dia foi instituído para benefício do homem, a seu favor, e não contra o homem (Mc 2.27). Jesus não censurou os discípulos acusados de não cumprirem a lei do sábado, por haverem apanhado espigas para comer (Mt 12.1-7), e afirmou que é lícito fazer o bem nesse dia (Lc 6.9). Por último, Ele declarou que “o Filho do homem é Senhor do sábado” (Mt 12.8).

12 - A lei judaica aprova e recomenda o divórcio como meio de findar um matrimônio infeliz e insustentável. De fato a lei é notavelmente liberal, pois aceita como justificativa para o divorcio a incompatibilidade, o que não é admitido por várias religiões progressistas. Jesus em clara oposição às leis talmúdicas e bíblicas proibiu o divórcio, exceto em caso de adultério por sua própria conta.

Resposta – São válidos para este caso os mesmos argumentos apresentados na questão anterior. É bom entendermos que estamos sob a égide de uma nova aliança. Ao instituir a ceia do Senhor, Jesus disse que o Seu sacrifício na cruz representava o novo concerto, a Nova Aliança (Mt 26.28).”Dizendo nova aliança, Ele tornou antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquada e envelhecida, perto está de desaparecer” (Hb 8.13). Jesus Cristo é o Mediador desse novo concerto ou novo testamento. “Se a aspersão do sangue de bodes e de touros, e das cinzas de uma novilha santifica os contaminados, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo?” (Hb 9.13-14). Com esta compreensão e certeza, podemos entender melhor a explicação dada por Jesus, quanto ao divórcio: “Também foi dito: Aquele que deixar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo que qualquer que e repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade conjugal, faz que ela cometa adultério, e aquele que casar com a repudiada, comete adultério” (Mt 5.31-32). O que vale para nós, hoje, nós que estamos debaixo da lei de Cristo, é essa palavra. Na questão formulada, está o reconhecimento de que a lei do divórcio era “notavelmente liberal”. Por isso, a lei é aperfeiçoada na Nova Aliança.

13 - Ainda mais grave foi a atitude negativa de Jesus quanto às leis dietéticas expressas em seus ensinamentos: "Ouvi e entendei! Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro!" (Mt 15:11). Isto era uma clara e inequívoca desaprovação da importância das leis dietéticas. Os discípulos de Jesus, indignados com esse ataque a uma das mais importantes observâncias judaicas, perguntaram a seu Mestre: "Você sabia que os fariseus se escandalizaram ao ouvir o que disseste?" Ao que ele respondeu: 'Qualquer planta que meu pai celeste não plantou será arrancada. Deixai-os. São cegos conduzindo cegos! Ora, se um ofuscado conduz outro, ambos acabarão caindo num buraco’. A pedido dos discípulos para explicar a parábola Jesus disse: "Não entendeis que tudo o que entra pela boca vai para o ventre e daí para a fossa? Mas o que sai da boca procede do coração e é isto que torna o homem impuro" (Mt 15:12-18). De maneira bastante natural Jesus declarou que "todos os alimentos são puros" (Mc 7.19). Claro que esse ataque frontal à totalidade das leis dietéticas constitui-se em estranho contraste à colocação de Jesus de que ele não havia vindo para abolir nada da lei ou dos profetas.

Resposta – Os argumentos apresentados na questão anterior, quanto à autoridade de Jesus para alterar ou explicar a lei, são válidos para este caso. Continuam em vigor as palavras de Jesus, pois ainda temos cegos guiados por outros cegos. Os fariseus observavam com rigor os mínimos detalhes de sua tradição, até o “lavar as mãos quando comem pão” (Mt 15.2). Estavam convictos - e muitos ainda estão - de que a salvação deles dependia do cumprimento dessas obrigações. Jesus dá exemplo de que eles transgrediam os mandamentos, e revela: “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus... ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” (Mt 15.6,9). Jesus aproveitou o momento para declarar que os propósitos do coração são mais importantes para Deus, do que o lavar as mãos antes das refeições ou praticar outros rudimentos, porque do coração procedem os maus pensamentos...” (Mt 15.19,20). Em outra oportunidade Jesus criticou duramente os fariseus:

“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de intemperança. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos, e de toda imundícia. Exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e iniqüidades. Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23.25-28).

Para finalizar, ouçamos o apóstolo Paulo: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo. Se estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies? {Estas coisas] não são de valor algum, senão para a satisfação da carne” (Cl 2.16,17,20,21,23).

14 - O Messias será Rei sobre toda a terra

Todas as profecias messiânicas tiveram cabal cumprimento na Pessoa de Jesus de Nazaré. As expectativas dos judeus apontavam para o surgimento de um rei político/militar, capaz de livrá-los do jugo romano. Jamais admitiam a hipótese de um rei sofredor, humilde, sem armas. Por certo não atentaram bem para o texto do “servo sofredor”, conforme Isaías 53, Aquele que seria “traspassado por nossas transgressões e moído por nossas iniqüidades”. Por isso, não sem razão Paulo afirmou que a cruz de Cristo era “escândalo para os judeus” (1 Co 1.23).

Todas as profecias da Bíblia foram, serão ou estão sendo cumpridas. O exemplo mais recente é a reconstituição do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948, por resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), após quase dois mil anos de dispersão por todo o mundo. Esse retorno à Terra Prometida foi predito há cerca de 2.500 anos. Vejam:

“Eis que os trarei da terra do Norte e os congregarei das extremidades da terra; e, entre eles, também os cegos e aleijados, as mulheres grávidas e as de parto; em grande congregação, voltarão para aqui” (Jr 31.8). O profeta Ezequiel foi ainda mais preciso: “Tornar-vos-ei de entre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra” (Ez 36.24). Outra profecia cumprida é a de que o deserto de Israel seria lavrado, agricultável, e que todos, surpresos, iriam dizer que “esta terra desolada ficou como o jardim do Éden” (Ez 36.33-36). Sabe-se que Israel tem superado a grande escassez de água na agricultura, utilizando sistema de irrigação de alta tecnologia.

Israel deve atentar muito bem para a seguinte profecia, a ser cumprida:

“E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; olharão para mim, a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito, e chorarão por ele, como se chora amargamente pelo primogênito” (Zc 12.10). Não é preciso muito esforço para concluir que esta profecia está falando de Jesus, o unigênito de Deus (Jo 1.14; 3.16; 1 Jo 4.9), o primogênito de Maria (Lc 2.7a), o traspassado na cruz (Jo 19.34,37).

O povo que rejeitou o enviado de Deus chorará amargamente, e “o SENHOR será Rei sobre toda a terra” (Zc 14.9).

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